A construção de histórias e o campo de mudanças narrativas na América Latina e Caribe

Um panorama do ecossistema das organizações da região

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Coragem, curiosidade e inovação é o que não falta aos storytellers da América Latina e do Caribe. Mas como isso funciona na prática? O que sabemos sobre organizações e iniciativas que estão contando novas histórias, mudando narrativas e ampliando vozes nessa parte do mundo? O que desejam, enfrentam e conquistam, como se organizam, planejam e operam? Construir conhecimento sobre o ecossistema da região é essencial para que o campo possa potencializar ainda mais sua capacidade de mudança social.

A partir da escuta a 33 organizações parceiras da Open Society Foundations presentes no Brasil, México, Colômbia, Jamaica, Barbados e El Salvador, esta pesquisa conduzida pela IRIS levantou informações qualitativas que nos oferecem um panorama local. Esperamos que os resultados sejam de interesse tanto de atores do próprio campo, quanto de parceiros e financiadores.

O que foi investigado:

  • Capacidades organizacionais e boas práticas
  • Aprendizados nos últimos anos
  • Desafios enfrentados
  • Estratégias e teorias de mudança
  • Práticas de planejamento e avaliação

Descobertas

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Contexto

De que maneira as organizações participantes encergam o contexto latino-americano e caribenho de narrativas de impacto e como isso as afeta?

O Campo

O que exatamente significa o campo de mudanças narrativas e construção de histórias?

A definição do que é o campo de storytelling mudanças narrativas é difusa para muitas organizações e muitas delas não se sentem parte dele. Esta pesquisa foi considerada por muitas delas como um dispositivo de aprendizado sobre o ecossistema.

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Ameaças e Oportunidades

Há fatores de conjuntura que favorecem ou desafiam a atuação do ecossistema na região.

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  • Estabelecimento das mídias independentes
  • Alta capacidade de incidência da sociedade civil em processos decisórios (advocacy)
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  • Desinformação
  • Polarização
  • O monopólio das grandes empresas de tecnologia
  • Lacunas geracionais

Propósitos

As organizações participantes se orientam a partir de ao menos um de quatro propósitos:

1

Diversificação de vozes (fortalecer e ampliar espaços para vozes pretas, indígenas, amazônicas, periféricas*, de mulheres e de pessoas lgbtqiap+)

Apesar da notável expansão de diversas vozes, o papel de pessoas indígenas, quilombolas** e periféricas* continuam sendo atores fragilizados no ecossistema. Financiadores desempenham um papel estratégico no fortalecimento desses grupos, criando espaços de aprendizado e ampliando as oportunidades.

*Periféricas: pessoas que vivem em áreas afastadas do centro de cidades em expansão, frequentemente carentes de planejamento urbano, infraestrutura ou acesso a serviços. Auto-declarado pelas participantes da pesquisa, este termo indica um conjunto de representações simbólicas relacionadas a: classe, etnia, local de residência e condições de vida.

**Quilombolas: Pessoas descendentes de comunidades formadas por indivíduos escravizados que resistiram à escravidão e à opressão. Essas são comunidades que lutam pelo reconhecimento de seus territórios ancestrais e pela garantia de seus direitos territoriais, sociais, econômicos e culturais.

2

Fortalecimento da autonomia de indivíduos e comunidades para sua participação em processos da democracia

3

Mudança e fortalecimento de narrativas

4

Incidência em políticas públicas e influência sobre tomadores de decisão

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Práticas

Destacamamos práticas apresentadas como estabelecidas pelas participantes na região que pretendem ser mantidas e aprofundadas pelas organizações nos próximos anos.

  • O fortalecimento de práticas de desenvolvimento e produção de conteúdo de qualidade tem sido o principal foco das organizações nos últimos anos.
  • Diversificação de vozes na produção de conteúdo.
  • O esforço e o investimento em compreender suas audiências, embora sejam práticas recentes entre as iniciativas, já geraram muitos aprendizados.
    Uma melhor escuta de suas audiências permitiu às organizações
  • Aumentar seu público;
  • Identificar formatos e linguagem mais apropriados para engajar o público;
  • Identificar canais de distribuição mais eficazes para seu conteúdo;
  • Compreender melhor a identidade e a contribuição de sua própria organização para o ecossistema.
  • "Durante todo esse período, nosso investimento em recursos e esforço criativo foi quase 100% focado na criação de um bom produto."

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Desafios

Para avançar em seus propósitos, existem alguns desafios mencionados pelas participantes e percebidos por elas como desafios do ecossistema como um todo.

  • Aumentar seu público;
  • Identificar formatos e linguagem mais apropriados para engajar o público;
  • Identificar canais de distribuição mais eficazes para seu conteúdo;
  • Compreender melhor a identidade e a contribuição de sua própria organização para o ecossistema.
  • "O desafio da distribuição é imenso. bons canais significam narrativas mais impactantes. ou investimos muito para garantir que tenhamos uma estrutura que nos ajude a ir além de nossa própria bolha, ou não conseguiremos falar com [ninguém além de] nós mesmos."

    As organizações desejam saber se suas mensagens atingiram seus públicos, mudaram suas percepções e efetivamente geraram impacto na sociedade.Investigar estratégias de avaliação de impacto social específicas para o trabalho narrativo, explorando o que pode ser a avaliação de impacto, é um desejo do campo.
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Visão Compartilhada

Há um grande objetivo do campo de construção de narrativas comuns de longo prazo, propositivas, articuladas e frutíferas.

Apesar de existirem parcerias e colaborações, o campo aprendeu que colaborar leva tempo e exige metodologias específicas. Esse aprendizado torna a construção de narrativas compartilhadas, propositivas e de longo prazo ainda mais desafiadora, pois exige um modus operandi das equipes e dos financiadores diferente do vigente hoje.

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Recomendações

Recommendations

Para praticantes:

  • Fortalecer a capacidade de planejamento institucional para encurtar a curva de aprendizado das organizações no desenvolvimento de seus produtos criativos e informativos.
  • Tornar a capacidade de escuta à audiência uma prática constante e sistemática.
  • Investigar coletivamente estratégias de avaliação de impacto específicas para o trabalho narrativo, explorando abordagens participativas e colaborativas.
  • Investir sistematicamente em pesquisa para torná-la um processo permanente, apoiando a agilidade na tomada de decisões.
  • Combinar o investimento da produção com estratégias de distribuição para que seja possível explorar soluções que driblem as limitações impostas pelas Big Techs.
  • Definir objetivos compartilhados e precisos para potencializar ou mudar narrativas, assim como aprimorar a coordenação em torno destes.

Para financiadores:

  • Seguir fortalecendo criadoras indígenas, quilombolas, amazônicas, LGBTQIAP+ e de territórios periféricos por meio de apoio financeiro e espaços de intercâmbio e aprendizado.
  • Obter apoio de financiadores que atuam no campo na conscientização de outros financiadores sobre a relevância das narrativas dentro e fora de suas redes.
  • Proporcionar financiamento de longo prazo que permita o amadurecimento do campo.
  • Metodologias para colaboração, pesquisas sobre o campo e espaços de cocriação são ótimas práticas que podem ser adotadas por financiadores para ampliar o senso de pertencimento e construir um repertório comum sobre o campo.
  • Investir em infraestruturas de pesquisa, tecnologia, distribuição e avaliação de impacto.

Participantes da Pesquisa

33 organizações participantes dedicadas a:

Jornalismo

12 Jornalismo

Pesquisa

5 Pesquisa

Criação de conteúdos (filmes, podcasts, webséries etc.)

9 Criação de conteúdos (filmes, podcasts, webséries etc.)

Formação

3 Formação

Estratégia

2 Estratégia

Artivismo

2 Artivismo

6 países

  • Brasil - 18
  • Colômbia - 6
  • México - 5
  • Barbados - 1
  • Jamaica - 1
  • El Salvador - 1
  • Globais - 1
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Recursos

Tertúlias

Créditos

Coordenação da Pesquisa

  • Carol Misorelli
  • Graciela Selaimen

Colaboração

  • Brett Davidson
  • Cara Mertes
  • Mia Deschamps

Edição de Conteúdo

  • Bruno Lazaretti
  • Carolina de Marchi Pereira de Souza
  • Laura Vidal

Design e Diagramação

  • Zec Junior
  • Isabella Selaimen
  • Ronnie Acacio

Tecnologia e programação

  • Pedro Costa

Revisão

  • Alex Simões (Português)
  • Mariana Mendes (Inglês)
  • Mia Deschamps (Inglês)
  • Zuhe Romagosa (Espanhol)
  • Sheyla Maria Valente de Miranda (Espanhol)

Tradução

  • Ricardo Silveira (Espanhol e Inglês)